Canção do Auxílio

E agora, minha paródia da "Canção do Exílio". Esses dias, com tanta chuva, realmente fiquei inspirado. Segui a mesma linha da poesia original, repetindo os versos onde era para repetir. Quanto ao título, nada mais adequado do que Canção do Auxílio não é mesmo? Com uma casa cheia de goteiras assim, qualquer um estaria pedindo socorro. Obs: minha casa não tem goteiras, esse poema é fictício.


Canção do Auxílio

Minha casa tem goteiras,

Onde chove sem parar;

As telhas que lá haviam,

Vai ser difícil de encontrar.


Nosso teto está encharcado,

Nosso chão está inundado,

Nossos móveis estão pingando,
Nossas vidas se afogando.

Ao chorar, molhado, à noite,

Mais gripado fico eu cá;

Minha casa tem goteiras,

Onde chove sem parar.


Minha casa está inundando,

E eu não posso nem gritar;
Ao chorar, molhado, à noite,

Mais gripado fico eu cá;
Minha casa tem goteiras,
Onde ch
ove sem parar.

Não permita Deus que chova,

Mais um dia se
m parar;
Minha casa está ruindo,

Não há ninguém para ajudar.
Nunca vi uma casa assim,

Onde chove sem parar.

Canção do Exílio

A "Canção do Exílio" foi escrita por Gonçalves Dias no de 1843, em Portugal. Desde que foi escrita, é um dos poemas mais conhecidos em todo o Brasil. Confesso que não gosto muito de poesias, mas esta é uma verdade obra prima, sendo minha poesia favorita. Gonçalves Dias mostra claramente seu amor e sua saudade pelo Brasil em cada verso, pois como já disse, ele escreveu o poema quando estava longe de sua terra. A "Canção do Exílio" vem em minha mente todas as vezes que vou viajar. Por mais que os lugares que vou sejam mais divertidos e melhores do que minha cidade, um lugar como meu lar nunca irei encontrar. Meu lar é meu lar, nunca existirá um lugar como ele.


Canção do Exílio
Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam.
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques tem mais vida, 
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

O Garoto Azul

Na cidade de Campbell, em um país desconhecido, vivia Serafim. Ele não era um anjo, como você deve estar imaginando, muito menos um cupido. Pois de anjo e cupido ele não tinha nada. Serafim era um garoto que queria ser azul.

A cor azul o fascinava. Seu quarto era azul, seus brinquedos eram azuis e tudo o que comia também era azul. Mas mesmo tudo em sua vida sendo azul, havia um grande problema: ELE não era azul. Vivia triste e melancólico, pois sabia que talvez o que queria nunca fosse acontecer. Mesmo estando ciente disso, desde que se entendia por gente Serafim fazia o mesmo pedido: "Quero ser azul". Todos os dias era a mesma coisa, e nada o fazia mudar de ideia.

Em seu aniversário de 10 anos, Serafim, antes de soprar as velas azuladas de seu bolo azul, percebeu que estava ficando mais velho, e que talvez seu desejo nunca se realizasse. Com uma lágrima escorrendo no canto de seus olhos, ele fez seu último pedido desesperado: "Por favor, quero ser azul".

O que ele não sabia era que no mesmo instante em que fazia o pedido, um duende estava debaixo da janela de sua casa, no jardim, apreciando as lindas flores azuladas que a mãe de Serafim havia plantado apenas para agradar seu filho. Esse era um duende que realizava o desejo das pessoas, e quando escutou aquele pedido desesperado, não pensou duas vezes e resolveu atender Serafim.

No outro dia, ao acordar, Serafim olhou para suas mãos e... estavam azuis! Correu para o espelho e viu que seu desejo finalmente havia se realizado: todo o seu corpo, desde os fios de cabelo até a ponta dos dedos dos pés, estavam azuis. Nesse instante, o sol pareceu brilhar mais forte, o ar pareceu mais fresco, e a vida sorriu docemente para Serafim.

Quando, eufórico, correu para contar aos seus pais o que havia acontecido, o mundo virou de pernas para o ar. Seus próprios pais, aqueles que sempre lhe amaram, e de quem ele gostava acima de tudo, começaram a gritar:
- Monstro! O que você fez com nosso filho? Onde está ele?
Eles não deixavam nem Serafim explicar o que havia acontecido. Ele mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Mas estava. E ele logo correu para fora de casa antes que sua mãe chamasse a polícia.

Na rua, ao perambular sem rumo, palavras como "monstro", "aberração" e "suma da minha frente" ecoavam nos ouvidos de Serafim, ditas pelas pessoas que passavam por perto. Grande parte de seus amigos estavam no parquinho perto de sua casa brincando. Quando Serafim chegou perto, todos começaram a correr de medo. Outros ainda, começaram a rir, o que não era melhor do que correr assustado como os outros. A palavra "monstro" ecoou mais uma vez em seus ouvidos.

Serafim, sem ter para onde ir, foi para seu lugar favorito: o banco azul anil em frente ao mar. Ao se sentar, as lágrimas vieram rapidamente aos seus olhos, e os soluços vieram logo depois. As pessoas que passavam por perto logo corriam para longe quando viam o que estava sentado no banco, com medo do que aquela aberração poderia fazer com eles.

O duende que havia atendido seu pedido estava passando por ali, satisfeito por pensar ter feito alguém feliz. Ao ver Serafim sentado no banco, chorando e soluçando alto, percebeu o que havia acontecido e seu pequeno coração se entristeceu com o que havia feito. O problema era que os duendes não podiam desfazer o que haviam feito. Mas ele tinha que fazer alguma coisa.

Chegou perto de Serafim e encostou a mão em seu coração. No mesmo instante, ele se transformou em um peixe. Um peixe azulado, mas com um azul diferente de todos os outros existentes no planeta. Suas escamas reluziam ao sol, e quem o olhasse pensaria que estava olhando para uma pedra preciosa. O duende o pegou e o colocou no mar. E assim, Serafim foi nadando até o fundo, e se tornou a criatura azul mais bela existente na Terra. Depois disso, quem olhava para o fundo do mar, via Serafim brilhando, quietinho em seu novo lar, a criatura mais bonita que alguém poderia encontrar. Agora estava azul, no meio de um mar azul. Não poderia estar mais feliz. A vida estava novamente sorrindo para ele.