Em uma pequena cidadezinha, que será mantida no anonimato para não trazer inconvenientes ao personagem principal dessa história, vivia Bartolomeu, o Louco. Ele não morava em uma casa normal, nem em uma cabana, nem mesmo em um iglu. Ele morava em uma caverna. E se você pensa que por morar em uma caverna Bartolomeu, o Louco, não tinha problemas, está terrivelmente enganado.

Bartolomeu, o Louco, tinha que se preocupar se as baratas do seu café da manhã estavam tão crocantes como deveriam estar. Ele também se enfurecia quando as larvas que viviam atrás da árvore caída mexiam tanto em sua boca ao come-las no almoço. Mas o que mais lhe causava problemas era Vilma, a Pedra. Todas as noites (pelo menos Bartolomeu achava que era noite) ele se sentava no chão e ia conversar com Vilma, a Pedra. Para uma pedra, ela era extremamente inteligente. 

Muitas vezes, Bartolomeu, o Louco, não entendia o que ela queria lhe dizer, e ficava extremamente enfurecido com ela. Vilma vinha com conversas sobre anões de jardim, duendes e extraterrestres, que para ele não eram nem um pouco compreensíveis. Mas na maioria das vezes, suas conversas eram agradáveis, e foi ela quem lhe deu a ideia de comer as baratas que moravam embaixo dela.

E a vida de Bartolomeu, o Louco, era sempre assim. De manhã, comia as deliciosas baratas crocantes que viviam embaixo de Vilma, a Pedra. À tarde, comia as saborosas larvas que viviam atrás da árvore caída. E à noite, haviam suas agradáveis (mas nem sempre) conversas com Vilma, a Pedra. E sua vida era bem tranquila assim. Baratas, larvas e Vilma, a Pedra. Baratas, larvas e Vilma, a Pedra. Tranquila demais, não? Por enquanto.