Estou um pouco enferrujado quanto às histórias de terror, por isso, espero que gostem dessa. Para falar a verdade, o que era para ser uma história de terror, acabou se transformando em algo bastante cômico e idiota. Mesmo assim, espero que aproveitem.

Noite escura. A lua, encoberta por nuvens, não deixava escapar nem um raio dourado. Eu andava pela rua, cantarolando feliz. Por mais que tudo se mantivesse silencioso e sombrio, uma música suave ecoava em meus ouvidos. Pela primeira vez, a garota mais linda do colégio havia saído comigo, e nada iria conseguir acabar com minha alegria.

Foi quando ouvi o primeiro ruído, e pensei que fosse minha imaginação.
PLOCT PLOCT PLOCT ARGH
Pareciam cascos e bramidos de um animal. Com o segundo ruído, fiquei petrificado e percebi que era algo real, concreto e bastante assustador.
PLOCT PLOCT ARGH PLOCT ARGH
Sem perceber, comecei a correr. Não importava o que fosse, fazendo um barulho assim, com certeza não seria algo bom. A princípio, pensei estar a salvo, mas o barulho de cascos começou novamente. Nunca algo tão assustador acontecera comigo.
PLOCT PLOCT ARGH

Corri mais ainda, mas, sem aviso, recebi um golpe nas costas que me jogou ao chão. Caí com força e dolorosamente na calçada, batendo a cabeça em um poste. Minhas vistas escureceram. Quando começaram a voltar lentamente, preferia que estivesse cego.

Na minha frente se encontrava a criatura mais horrível e bizarra que eu veria em toda a minha vida. Um animal, um ser, um monstro. Seu corpo era de bode ou carneiro, todo peludo e cheio de sangue. Seu tamanho era descomunal, se assemelhando a um cavalo com sérios vícios em anabolizantes. O mais assustador, porém, era sua cabeça deformada. Não era uma cabeça de bode ou carneiro, mas sim, uma cabeça humana, longa e com chifres enormes sobre ela. Os olhos eram saltados e esbugalhados, como se a criatura tomasse café o tempo todo e nunca houvesse dormido. Eram olhos injetados de sangue que diziam: "Vou te comer".

Com olhos dizendo tal coisa, a única ação que consegui realizar foi voltar a correr. No entanto, a criatura não iria deixar seu jantar ir embora tão fácil. Fui lançado ao chão mais uma vez, e por pouco não tive a cabeça despedaçada de encontro ao meio fio. Quando menos esperava, senti uma pontada nas costas: um dos chifres descomunais havia me perfurado. Rolei para um lado, e a criatura veio sobre mim com uma rapidez surpreendente. Abriu a grande boca com dentes afiados e pontiagudos e mordeu minha orelha esquerda. A vi na boca do monstro, e a dor era insuportável.

Quando pensei que não, consegui rolar para um lado. Duas surpreendentes luzes apareceram por trás do monstro. Pensei, desconsolado: "Pronto, a Luz da Chapada veio se juntar a seu amigo para me comer". Mas as duas luzes jogaram o monstro a vários metros de distância. Era um carro.

O monstro literalmente havia voado e caído de cabeça no chão. Um dos chifres se quebrou, assim como aparentemente uma das patas. Para meu alívio, a criatura saiu mancando rapidamente rua abaixo. Não iria me importunar mais, eu estava a salvo... Com um galo na cabeça, sem a orelha esquerda e com sangue por toda parte. Mas são e salvo.

A motorista do carrou desceu do veículo e perguntou: "Você está bem?". 
"Claro, respondi. "Como pode ver, estou maravilhosamente bem".
Enchendo os pulmões, a mulher gritou para que nenhuma pessoa da cidade deixasse de ouvir: "Um chupa cabra está solto!"
"Espera aí", eu disse rápido. "Tenho cara de cabra?".