Tudo bem, se quiserem ter medo de mim depois de lerem essa história eu não vou me assustar, pois até eu fiquei com medo de mim mesmo depois de escrevê-la. Como eu poderia ter escrito uma história bizarra dessas? Bem, agora que escrevi, é melhor postar aqui.

Três Vidas

Possivelmente já se passaram 50 minutos desde que Marcela entrara no banho. Tinha que sair de lá alguma hora e essa era a hora.

Desligou o chuveiro lentamente, cobriu seu corpo ainda em desenvolvimento com a toalha esfarrapada, e saiu trêmula do cubículo que chamavam de banheiro.

Foi até o quarto da mãe e a viu semi-morta em cima da cama. Como sempre, é claro, arranhões e hematomas cobriam todo o seu corpo imundo. Mas desta vez estava diferente: as pernas estavam abertas, e uma grande mancha vermelha cobria a cama. Ela tinha de fazer alguma coisa, TINHA de fazer.

Andou até a cozinha e pegou a grande faca de cortar carne na gaveta de baixo. Foi até a sala e viu seu pai, bêbado como sempre, dormindo no chão. Tudo estava quebrado no cômodo, hoje ele estava realmente zangado. Sua enorme barriga estava emporcalhada de sangue. Sangue de sua MÃE. Seu pai estava com o SANGUE de sua mãe na barriga. Mas esse não era seu pai. Era um MONSTRO.

Foi calmamente até o monstro e deu a primeira estocada com a faca. Ele não reagiu, e ela continuou. Deu mais duas estocadas, três, perdeu a conta. Até que ele abriu os olhos, olhos de medo, de angústia. Mas logo depois, olhos de morte. Trabalho feito.

Andou novamente até o quarto da mãe. Ela estava livre, livre daquele monstro imundo. Quando acordasse, ficaria extremamente... Não havia pensado nisso. Quando sua mãe acordasse e visse o que Marcela tinha feito, iria ficar com aqueles olhos. Os mesmos olhos do monstro antes de morrer. Mas os olhos da mãe não iriam embora como os dele.

Pegou o travesseiro no chão e cobriu o rosto da mãe. Ela se debateu um pouco, mas estava muito fraca. Logo não respirava mais. Trabalho feito.

Estava feliz, mais leve. Todos iriam... Como assim todos? Não havia pensado nisso. Iriam levá-la para um lugar horrível, fazer as piores coisas do mundo com seu pequeno corpo. Precisava fazer algo. Pegou a corda na garagem, que tantas vezes serviu para puxar aquele carro em pedaços. Pendurou no teto, colocou um banco embaixo. Três vidas indo embora no mesmo dia. Era um número digno.

Chutou o banco.
Sufocou lentamente.
Três vidas.
Trabalho feito.