Max (Max Records) é um garoto que vive com a mãe e a irmã, porém está sempre muito solitário. O que o ajuda nas horas em que está sozinho é sua super imaginação, que ele utiliza para criar incríveis histórias. Numa noite em que Max estava brincando com sua roupa de lobo, sua mãe leva para casa o namorado. Max então percebe que poderá ficar ainda mais sozinho com sua mãe namorando, e acha que a está perdendo. Briga com ela e foge de casa. Vai para uma floresta não muito longe de onde mora, onde pega um pequeno barquinho e vai navegar. Após muitas turbulências no mar, chega em uma ilha onde vivem 7 monstros. A princípio, eles queriam comê-lo, mas Max convence-os de que é um grande rei e poderá governá-los. E é assim que começa o reino de Max nessa estranha ilha de monstros, onde tudo parece extremamente divertido, mas Max descobrirá logo que não é bem assim.

Essa é a história do filme "Onde Vivem os Monstros", de Spike Jonze. O filme é baseado no livro de mesmo nome de Maurice Sendak, que fez um grande sucesso nos Estados Unidos, mas é um tanto desconhecido no Brasil. Mesmo que você não tenha ouvido falar sobre Maurice Sendak, tenho certeza que conhece algumas de suas obras. Já ouviu falar em "Os Sete Monstrinhos" e "O Pequeno Urso"? Pois é, ele é o escritor dessas séries que passam na TV Cultura.

Quem olha pela primeira vez o cartaz do filme imagina logo que se trata de um filme para crianças. E foi o que pensei. Mas ao assistir, percebi que "Onde Vivem os Monstros" é mais um filme adulto do que infantil. O filme é opressor, melancólico, e incrivelmente nos comove. Já houve uma tentativa frustrada de virar desenho animado pela Disney na década de 1980, mas não deu certo.

Os 7 monstros são como cada sentimento que Max possui. Sua timidez está presente no calado e distante Alexander (Paul Dano) e no contemplativo e melancólico Touro (Michael Berry Jr.). Seu lado amoroso está presente na amável e provocativa KW (Lauren Ambrose) e no simpático Douglas (Chris Cooper). Sua parte agressiva está na irritante e pessimista Judith (Catherine O'Hara). Sua inteligência no criativo Ira (Forest Whitaker). E toda sua parte divertida e alegre está no carismático e impulsivo Carol (James Gandolfini), o monstro preferido do garoto.

Cada cena do filme nos leva a ter um sentimento diferente. Há varias cenas de felicidade, todos os monstros rindo e brincando. Nessas horas meu sorriso se abria sem eu mesmo me dar conta. Quando via, já estava extremamente alegre. Mas alguma coisa sempre acontecia, uma intriga ou uma desavença entre os monstros. O silêncio caía e nem era preciso dizerem nada. Tudo já estava presente naquele silêncio. A melancolia, a tristeza, a solidão. Chegava mesmo a ser assustador. O filme nada mais é do que uma discussão sensível e um tanto triste sobre a infância e o amadurecimento. 



Em relação à trilha sonora, por mim o Oscar já seria de "Onde Vivem os Monstros". As músicas são de Karen O. (do Yeah Yeah Yeahs), e acompanha todas as emoções do filme. Nas partes felizes, as músicas me deixaram num estado exultante, de completa euforia e felicidade. Nas partes tristes, as músicas vão deixar qualquer um melancólico e triste. É difícil entender o que eu estou falando, só quem assistir o filme e se ver tocado pelas músicas é que vai saber como a trilha sonora é excelente.


Lendo a crítica do site Omelete, vi que eles descobriram o adjetivo que mais combina com o filme, que eu estava tentando descobrir desde que o assisti: esquisito. Acredito que não vou encontrar um filme tão esquisito e estranho quanto esse. Estranhamente mexe com a gente. Estranhamente nos faz voltar a nossa infância. E estranhamente não é bobo, como eu pensava. É estranhamente incrível.


Onde vivem os monstros? Os monstros vivem dentro de nós mesmos.