A maioria das pessoas, no que se refere à literatura, está interessada apenas nos grandes lançamentos que surgem todos os anos. Harry Potter, Crepúsculo, Percy Jackson, Eragon, dentre vários outros, são praticamente os únicos livros que a maior parte das pessoas chegou a ler algum dia. E quem já leu outros livros além desses, foram de autores praticamente iguais e histórias extremamente parecidas. Por isso, é sempre bom inovar e estarmos sempre em busca de novos livros e novos autores. E com este pensamento, de buscar algo original e surpreendente, eu lhes apresento "Haroun e o Mar de Histórias", que passei a considerar um dos melhores livros de fantasia já criados.

Este é um livro indiano escrito pelo autor Salman Rushdie. Provavelmente você até se assustou com seu nome e nunca ouviu falar dele, mas na verdade, Rushdie não é um autor tão desconhecido assim. Ele já escreveu alguns livro que fizeram sucesso internacional, como "A Feiticeira de Florença", "Os Versos Satânicos" e "Os Filhos da Meia-Noite". Aliás, quem já leu um livro indiano levante a mão. Ninguém? Pois é, encontrar alguém que já o tenha feito é bastante raro hoje em dia. Eu, inclusive, era um desses antes deste livro. Mas felizmente o encontrei e vocês agora tem a chance de lê-lo, pois minha dica está sendo dada.

Vamos ao que interessa: a história do livro. "Haroun e o Mar de Histórias" nos leva para uma pequena cidade sem nome, no país de Alefbey, em que tudo é triste e melancólico, e onde as pessoas comem apenas peixes peixosos. Na verdade, nem tudo é triste nesta cidade. A família de Rashid Khalifa, composta por ele, sua esposa Soraya e seu filho Haroun, é conhecida por sua grande felicidade em toda esta metrópole infeliz. Rashid é o grande Xá do Blá-Blá-Blá, ou o Mar de Ideias, e suas histórias são conhecidas e necessitadas em todo o país e além. Soraya tem uma voz linda, e está sempre cantando em casa. E Haroun, além de ser o herói do livro, está sempre pronto para aprender novas coisas. Tudo ia perfeitamente bem até o dia em que Soraya vai embora e Rashid perde as ideias para suas histórias. Com isso, Haroun, junto de novos amigos, terá de viver uma grande aventura e lutar contra malignas forças da escuridão e do silêncio para trazer as histórias de seu pai de volta e fazer com que tudo volte a ser como antes.

Sabe aquela velha frase, "viajei com tal livro"? Pois bem, com "Haroun e o Mar de Histórias", você deve levar isso a sério. Ao abrir a primeira página, você literalmente entra em seu mundo mágico e não quer mais sair. Quando Haroun sobe no Gavião-Avião e começa suas aventuras, você se sente junto dele, segurando fortemente as penas do pássaro e sentindo o vento em seu rosto. O mundo a sua volta some, e à sua frente você vê apenas a Cidade de Gup e seus habitantes inesquecíveis. Aliás, personagens tão incríveis quanto desse livro será difícil encontrar igual. Minimamente traçados e descritos, são tão carismáticos que ao acabar de ler o livro, me senti triste por terminar a última página e perceber que nunca os encontraria de verdade. Haroun, Rashid, o Gênio da Água, o Gavião-Avião, o Jardineiro Flutuante, os Peixes de Mil Bocas, Tagarela, dentre vários outros, estarão sempre em minha mente como modelos de personagens ideais.

O jeito fantasioso de Rushdie escrever o livro me lembrou imensamente o modo como Diana Wynne Jones narra suas histórias. Para quem não sabe, entre as obras da autora estão "O Castelo Animado", "O Castelo no Ar" e a série "Os Mundos de Crestomanci", que descobri há pouco tempo mas já se tornou referência de livros de fantasia para mim. Por isso, comparar Salman Rushdie com Diana Wynne Jones, que praticamente idolatro, é um elogio dos grandes. O melhor de tudo é que "Haroun e o Mar de Histórias" não é apenas um livro de fantasia. Mistura também humor, ação, aventura, um pouco de romance e até pitadas de suspense e terror. Quando lemos, percebemos que não é um livro infantil como aparenta, e sim, se aproxima mais de um livro fantasioso para adultos, e que facilmente agrada a pessoas de todas as idades.

"Haroun e o Mar de Histórias" foi escrito em 1990 e, sinceramente, até agora não entendo o por que da obra não ter feito grande sucesso. Talvez seja pelo fato do autor não ser muito conhecido, ou quem sabe porque é um livro indiano. Vai saber. O que importa é se depois dessa resenha vocês irão ou não se interessar pelo livro. Eu digo com sinceridade: vale muito a pena ler. A versão que li e que aparece na foto é da Companhia de Bolso, que sai por um preço super em conta. O livro está apenas lá, te esperando na prateleira de alguma livraria. É só você comprar, abrir suas páginas e entrar no mundo mágico de Haroun e em todo o seu mar de histórias.

Salman Rushdie