Primeiramente, venho pedir desculpas por ficar quase três meses sem postar absolutamente nada no blog. Falta de tempo, de criatividade e de ideias foram os principais motivos. Mas ano novo, jeito novo, espero fazer muitas coisas novas. Por isso, pretendo aparecer aqui com pelo menos um post por semana. Bem, essa é a ideia inicial, se vou conseguir, não sei. Mas me desejem sorte! Aliás, aproveitem, este é o primeiro post do ano.

Todos os dias, bem cedo, quando os primeiros raios de sol surgiam sobre poucas casas de minha cidade, eu me encontrava com um Pássaro Negro. Ele passava por mim no caminho da escola, eu indo, ele vindo. Para falar a verdade, não era um pássaro muito digno de nota. Não era bonito nem feio, não era velho nem novo. Tinha um pouco mais de experiência do que os outros pássaros, isso é verdade, mas nada que pudesse despertar atenção. O que me fez nota-lo foi sua persistência. Vê-lo todos os dias na rua, sozinho, com chuva ou sol, era o mesmo se ele gritasse bem alto: "Me note! Me note!". Quando percebi, o estava prescrutando com os olhos todos os dias. Era mecânico, sem querer, impossível não fazer.

Às vezes estava com um guarda-chuva na mão, ou quem sabe um casaco nos ombros. Havia dias que tossia levemente, e dias que exalava um forte cheiro de cigarro. Um Pássaro Negro que se mostrava extremamente apagado no início, logo se mostrou reluzente e pronto para ser estudado. Havia dias que parecia estar satisfeito. Não! No outro estava com uma expressão um pouco triste. Em um dia, surpresa! Fiz a descoberta de que ele também passava pela escola. Se eu chegasse cedo, poderia vê-lo piando com outros pássaros em frente ao portão principal do colégio. Logo que o sinal batia para o início das aulas, lá se ia ele embora, voando lentamente.

Diversas vezes fui tentado a perguntar: "Pássaro Negro, o que você faz aqui todos os dias?". Ou então: "Pássaro Negro, precisa de ajuda?". Infelizmente, nunca tive coragem de fazer tais perguntas. O pássaro poderia ressentir-se e voar para longe, nunca se sabe. O fato é que os meses foram passando, e o pássaro estava por lá todos os dias. Até que as férias chegaram, e não mais me foi possível vê-lo. O que me pergunto agora é: "O Pássaro Negro estará lá quando eu voltar?". Talvez sim, talvez não. Talvez no primeiro dia de aula eu coloque os pés na rua e, depois de poucos passos, o aviste com as asas negras rufladas de par a par. Ou talvez no primeiro dia de aula eu saia de casa e, depois de  muitos e muitos passos, eu acabe não encontrando nenhum pássaro, muito menos o Pássaro Negro. Ele nunca reparou em mim, mas já ganhou minha amizade sem eu nem mesmo conhecê-lo. Pássaro Negro, onde estará você?